Eu vou contar uma história
Dessas de cair o queixo
Do dia que eu me casei
Com aquele velho pretexto
Que tinha que ter alguém
Que me fizesse inteiro
Eu era um religioso
Que não faltava um culto
Ou escola dominical
E cantava até no conjunto
Fazia de tudo um pouco
Pra me encaixar nesse mundo
Na religião que eu cresci
Sem lhe fazer muitas queixas
Uma coisa me incomodava
Era acusar minhas punhetas
Que eu sempre me utilizava
Pra aliviar minhas deixas
Isso vou lhe contar
Que me deixava incomodado
Era apontar meu momento
Como se fosse um pecado
Aliviar minha tensão
Num de meus dias puxados
Eu já contei essa história
De quando eu era anônimo
O post até tá aqui
E eu o intitulei de
"Meu Fracasso Monogâmico"
Fracasso não é o tipo de história
Que se gosta de contar
Mas se ela deixa um exemplo
E a alguém pode ajudar
Então a gente não guarda
Mas tem que compartilhar
Eu era um menino quieto
Daqueles que dão de exemplo
Que todos pais da igreja
Queriam ter como genro
Falava, cantava e pregava
Daqueles que você para
E ouve por um momento
Mas tinha lá algo em mim
Que me deixava intrigado
Que mesmo com tudo isso
Não ficava sossegado
Era só ver uma mulher bonita
Que eu ficava ouriçado
O meu primeiro namoro
Foi ela quem terminou
Ela não queria isso
Mas o seu pai obrigou
Porque me achava excitado
E se um dia eu tivesse espaço
Lhe transformava num avô
Mas deixe que eu era um santo
E nem um mal lhe faria
Se mesmo em sonho notasse
Que um “pecado” faria
Não ficava nem no local
Em sonho mesmo corria
Mas depois de muitos anos
Evitando uma transa
Sem que tivesse casado
Que me botasse em pecado
Eu agi feito criança
Eu precisava transar
Mas a igreja dizia
Que se casado não fosse
Um pecado cometeria
Pois se quisesse dar uma
Teria que casar um dia
E foi com esse argumento
Que me meti numa fria
Achei uma bela menina
Que os meus olhos enchia
E sempre que a gente encontrava
O volume das calças subia
E cinco meses depois
Casados a gente estaria
Veja só como a vida
Ensina uma lição
Eu de cá querendo dar uma
Ela de lá já cansada
De tanto que não aguentava
Os pais saindo na mão
Foi tudo muito bonito
Como manda o figurino
Com a benção de todo mundo
Entramos na igreja e vimos
Todos naquele recinto
Nos aguardando sorrindo
A cerimônia até foi ligeira
O hotel já tava reservado
Nem saímos da cidade
O que dirá do estado
Foi uma surra de pica
Que nos deixou acamado
E lá estava eu
Um homem realizado
O gozo que tinha preso
Pra esse momento guardado
Não sobrou nem uma gota
No fim só tinham espasmos
Mas mal sabia eu
O quanto me custaria
Baixar o nível da gala
Transando naqueles dias
E logo o desassossego
A minha porta batia
Era um ciúme danado
Até mesmo no trabalho
Que eu nem precisava levar ela
Mas fazia sempre esse ajeitado
Pois muito dava valor
Ter ela sempre do lado
Um certo dia eu fui
Fotografar um casório
Foi uma festa bonita
A irmã da noiva também
E a cara que ela me olhava
Com medo até eu ficava
De me mandar pro além
Os noivos adoraram as fotos
Conforme eu ia mostrando
Ali mesmo no casório
Quando parava um tanto
E a irmã da noiva então
Quando eu fiz uma dela
Me arrastou pelos cantos
Mas calma que eu explico
Pra tu não pensar besteira
Não era um ato promíscuo
Pra puxar uma brincadeira
Ela só queria uma ruma de foto
Nos cantos da festa inteira
Quando quero um sorriso na foto
Não só mando a pessoa dar
Dou um sorriso pra ela
E ela dá outro pra cá
Mas quando eu sorri pra ela
A danada da companheira
Me acusou de se engraçar
Nesse dia fomos pra casa
Com tudo esculhambado
Com ela me condenando
Pelo sorriso que foi dado
E eu tentando explicar
Que era pro mode que ela
Se risse para o retrato
Lá dentro de casa mesmo
Os presentes de casamento
Não ficou nem um inteiro
Ela lançava aos ventos
Foi que um dia até eu
Caí no mei do rebento
Minha mãe sempre dizia
Pra não bater em mulher
Se a coisa ficasse feia
Que eu devia ter fé
Que eu seguisse tentando
E esquecesse da ré
Depois de fazer um B.O.
Em uma delegacia
Com as marcas da violência
Que no meu corpo trazia
Ali foi fácil de entender
Que só por querer que dê
Nada ali certo daria
Eu era um homem livre
Com um passado pra trás
Queria afogar o ganso
Casar não queria mais
Decidi soltar as rédeas
E nunca olhar para trás
Sempre tive vontades
Mas nada realizado
Queria fazer ménage
Mas me sentia culpado
Demorou um certo tempo
Pra me livrar deste fardo
Eu já tinha ouvido das práticas
Deste meio afamado
Que os casais que nele estavam
Tinha lá seus acertados
Que nada havia de errado
Se tudo foi combinado
Eu na minha inocência
De nada disso sabia
Que era coisa de cinema
Era o que eu mesmo me dizia
Principalmente em Petrolina
Que nem tamanho pra isso tinha
Enquanto eu procurava meio
De realizar minhas fantasias
Conheci uma morena
Num grupo de putaria
Seu nome era Janaína
Mas Hímeros nestes dias
Quando eu entrei no grupo
Estava todo animado
Foi Jana quem me mandou
As regras dele no privado
Na foto uma raba enorme
Que me deixou excitado
Fui logo puxando assunto
Eu era mesmo safado
Com sobrenome Libido
Que eu mesmo havia me dado
Eu só queria uma chance
Para tirar meu atraso
E conversando com ela
Saímos no mesmo dia
Foi no horário de almoço
Que teria a alegria
De conhecer a tal Jana
Que a fama lhe precedia
Naquele restaurante
Na mesa próxima da calçada
Trocamos umas palavras
E ela logo me ataca
Foi mão naquilo, aquilo na mão
E até sentar no meu colo
Sentou aquela danada
Era a primeira vez
Que aquilo me sucedia
Deixei ela no trabalho
Pensei nela todo o dia
E quando chegou a noite
Se combinado fosse
Mais certo nunca daria
Ela precisava de um Uber
Para voltar para casa
Ela até tinha uma moto
Mas esta estava quebrada
Pra minha sorte esta noite
Fui deixar ela em casa
Mas antes de ir pra casa
Ela pediu um favor
Que a gente fosse no shopping
Se ela pediu então vou
Deixe que era uma cilada
Que para história ficou
Ela apontou a vaga
Com carro estacionado
Por detrás de outdoor
Num canto bem sossegado
E quando olhei pra trás
Nem roupa ela tinha mais
Passei pro banco de trás
E sacudimos o carro.
Voltei a morar com meus pais
Depois da separação
Um dia foram pra roça
Falei com um amigo então
Que arrumasse uma turma
Pra fazer um surubão
Aproveitamos o dia
o amigo estendeu a mão
Convidou alguns amigos
Mas não foram muitos não
Acabou sendo um gang bang
E eu ficando na mão
Sabe eu até queria
Quem sabe poder explicar
Porque que não consegui
Subir e participar
Mas essa é uma história
Que eu não posso contar
No meio daquela festinha
Falei com a Janaína
Que estava acompanhada
Mas ela disse que vinha
Quando ela chegou em casa
Subiu aquela alegria
Impressionado com o fogo
Que essa mulher me dava
Conversando muito com ela
Lhe propus pra namorada
Mas ela dizia que eu
Assim como os demais
Só queria sua raba
Foi muita insistência
Pra lhe convencer do caso
Porque tudo ali pra ela
Não passava de uns amassos
Mas sou muito persistente
Insisti tanto que um dia
Lhe venci pelo cansaço
Ela foi logo avisando
Dessa vida eu não arredo
Eu também dali pra frente
Outra vida que não quero
Então vai dar tudo certo
O que tu quiser eu quero
Foram tantas “aventuras”
Que não cabem no cordel
No carro, na rua, nas escadas
Na praia, na beira da estrada
E inclusive no motel
Achando que ia pro inferno
Lá estava eu no céu
Entrei nesse mundo de cabeça
Mas foi logo com a de baixo
Mas ela foi me ensinando
Para não nadar no raso
E olha só para mim
O que eu agora faço
Nesse meio liberal
Muitos acham que é só putaria
Tem-se muito o que aprender
E eu aprendo todo dia
Desde que abri meus olhos
Já não vejo esse mundo
Como antes eu o via
Muito veem nos casais
Que esse relacionamento têm
Um motivo pra trair
Pra poder ter outro alguém
Eu vejo cumplicidade, liberdade,
Compromisso e verdade
Que outros casais não têm
Eu achava que amor
Era algo encantado
Dos que tiram nosso fôlego
E nos deixa arriado
Descobri que nos liberta
Que renova nossas forças
E caminha ao nosso lado.
FIM