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Foto do escritorCasal Libido

Cordel Desencantado: Minha "rodage" até aqui, do jeito que um bom nordestino sabe contar

Atualizado: 24 de mar. de 2023


Eu vou contar uma história

Dessas de cair o queixo

Do dia que eu me casei

Com aquele velho pretexto

Que tinha que ter alguém

Que me fizesse inteiro

Eu era um religioso

Que não faltava um culto

Ou escola dominical

E cantava até no conjunto

Fazia de tudo um pouco

Pra me encaixar nesse mundo

Na religião que eu cresci

Sem lhe fazer muitas queixas

Uma coisa me incomodava

Era acusar minhas punhetas

Que eu sempre me utilizava

Pra aliviar minhas deixas

Isso vou lhe contar

Que me deixava incomodado

Era apontar meu momento

Como se fosse um pecado

Aliviar minha tensão

Num de meus dias puxados

Eu já contei essa história

De quando eu era anônimo

O post até tá aqui

E eu o intitulei de

"Meu Fracasso Monogâmico"

Fracasso não é o tipo de história

Que se gosta de contar

Mas se ela deixa um exemplo

E a alguém pode ajudar

Então a gente não guarda

Mas tem que compartilhar

Eu era um menino quieto

Daqueles que dão de exemplo

Que todos pais da igreja

Queriam ter como genro

Falava, cantava e pregava

Daqueles que você para

E ouve por um momento

Mas tinha lá algo em mim

Que me deixava intrigado

Que mesmo com tudo isso

Não ficava sossegado

Era só ver uma mulher bonita

Que eu ficava ouriçado

O meu primeiro namoro

Foi ela quem terminou

Ela não queria isso

Mas o seu pai obrigou

Porque me achava excitado

E se um dia eu tivesse espaço

Lhe transformava num avô

Mas deixe que eu era um santo

E nem um mal lhe faria

Se mesmo em sonho notasse

Que um “pecado” faria

Não ficava nem no local

Em sonho mesmo corria

Mas depois de muitos anos

Evitando uma transa

Sem que tivesse casado

Que me botasse em pecado

Eu agi feito criança

Eu precisava transar

Mas a igreja dizia

Que se casado não fosse

Um pecado cometeria

Pois se quisesse dar uma

Teria que casar um dia

E foi com esse argumento

Que me meti numa fria

Achei uma bela menina

Que os meus olhos enchia

E sempre que a gente encontrava

O volume das calças subia

E cinco meses depois

Casados a gente estaria


Veja só como a vida

Ensina uma lição

Eu de cá querendo dar uma

Ela de lá já cansada

De tanto que não aguentava

Os pais saindo na mão

Foi tudo muito bonito

Como manda o figurino

Com a benção de todo mundo

Entramos na igreja e vimos

Todos naquele recinto

Nos aguardando sorrindo

A cerimônia até foi ligeira

O hotel já tava reservado

Nem saímos da cidade

O que dirá do estado

Foi uma surra de pica

Que nos deixou acamado


E lá estava eu

Um homem realizado

O gozo que tinha preso

Pra esse momento guardado

Não sobrou nem uma gota

No fim só tinham espasmos

Mas mal sabia eu

O quanto me custaria

Baixar o nível da gala

Transando naqueles dias

E logo o desassossego

A minha porta batia


Era um ciúme danado

Até mesmo no trabalho

Que eu nem precisava levar ela

Mas fazia sempre esse ajeitado

Pois muito dava valor

Ter ela sempre do lado


Um certo dia eu fui

Fotografar um casório

Foi uma festa bonita

A irmã da noiva também

E a cara que ela me olhava

Com medo até eu ficava

De me mandar pro além


Os noivos adoraram as fotos

Conforme eu ia mostrando

Ali mesmo no casório

Quando parava um tanto

E a irmã da noiva então

Quando eu fiz uma dela

Me arrastou pelos cantos

Mas calma que eu explico

Pra tu não pensar besteira

Não era um ato promíscuo

Pra puxar uma brincadeira

Ela só queria uma ruma de foto

Nos cantos da festa inteira


Quando quero um sorriso na foto

Não só mando a pessoa dar

Dou um sorriso pra ela

E ela dá outro pra cá

Mas quando eu sorri pra ela

A danada da companheira

Me acusou de se engraçar


Nesse dia fomos pra casa

Com tudo esculhambado

Com ela me condenando

Pelo sorriso que foi dado

E eu tentando explicar

Que era pro mode que ela

Se risse para o retrato


Lá dentro de casa mesmo

Os presentes de casamento

Não ficou nem um inteiro

Ela lançava aos ventos

Foi que um dia até eu

Caí no mei do rebento

Minha mãe sempre dizia

Pra não bater em mulher

Se a coisa ficasse feia

Que eu devia ter fé

Que eu seguisse tentando

E esquecesse da ré


Depois de fazer um B.O.

Em uma delegacia

Com as marcas da violência

Que no meu corpo trazia

Ali foi fácil de entender

Que só por querer que dê

Nada ali certo daria


Eu era um homem livre

Com um passado pra trás

Queria afogar o ganso

Casar não queria mais

Decidi soltar as rédeas

E nunca olhar para trás

Sempre tive vontades

Mas nada realizado

Queria fazer ménage

Mas me sentia culpado

Demorou um certo tempo

Pra me livrar deste fardo

Eu já tinha ouvido das práticas

Deste meio afamado

Que os casais que nele estavam

Tinha lá seus acertados

Que nada havia de errado

Se tudo foi combinado

Eu na minha inocência

De nada disso sabia

Que era coisa de cinema

Era o que eu mesmo me dizia

Principalmente em Petrolina

Que nem tamanho pra isso tinha

Enquanto eu procurava meio

De realizar minhas fantasias

Conheci uma morena

Num grupo de putaria

Seu nome era Janaína

Mas Hímeros nestes dias

Quando eu entrei no grupo

Estava todo animado

Foi Jana quem me mandou

As regras dele no privado

Na foto uma raba enorme

Que me deixou excitado

Fui logo puxando assunto

Eu era mesmo safado

Com sobrenome Libido

Que eu mesmo havia me dado

Eu só queria uma chance

Para tirar meu atraso

E conversando com ela

Saímos no mesmo dia

Foi no horário de almoço

Que teria a alegria

De conhecer a tal Jana

Que a fama lhe precedia

Naquele restaurante

Na mesa próxima da calçada

Trocamos umas palavras

E ela logo me ataca

Foi mão naquilo, aquilo na mão

E até sentar no meu colo

Sentou aquela danada

Era a primeira vez

Que aquilo me sucedia

Deixei ela no trabalho

Pensei nela todo o dia

E quando chegou a noite

Se combinado fosse

Mais certo nunca daria

Ela precisava de um Uber

Para voltar para casa

Ela até tinha uma moto

Mas esta estava quebrada

Pra minha sorte esta noite

Fui deixar ela em casa

Mas antes de ir pra casa

Ela pediu um favor

Que a gente fosse no shopping

Se ela pediu então vou

Deixe que era uma cilada

Que para história ficou

Ela apontou a vaga

Com carro estacionado

Por detrás de outdoor

Num canto bem sossegado

E quando olhei pra trás

Nem roupa ela tinha mais

Passei pro banco de trás

E sacudimos o carro.


Voltei a morar com meus pais

Depois da separação

Um dia foram pra roça

Falei com um amigo então

Que arrumasse uma turma

Pra fazer um surubão

Aproveitamos o dia

o amigo estendeu a mão

Convidou alguns amigos

Mas não foram muitos não

Acabou sendo um gang bang

E eu ficando na mão

Sabe eu até queria

Quem sabe poder explicar

Porque que não consegui

Subir e participar

Mas essa é uma história

Que eu não posso contar

No meio daquela festinha

Falei com a Janaína

Que estava acompanhada

Mas ela disse que vinha

Quando ela chegou em casa

Subiu aquela alegria

Impressionado com o fogo

Que essa mulher me dava

Conversando muito com ela

Lhe propus pra namorada

Mas ela dizia que eu

Assim como os demais

Só queria sua raba

Foi muita insistência

Pra lhe convencer do caso

Porque tudo ali pra ela

Não passava de uns amassos

Mas sou muito persistente

Insisti tanto que um dia

Lhe venci pelo cansaço

Ela foi logo avisando

Dessa vida eu não arredo

Eu também dali pra frente

Outra vida que não quero

Então vai dar tudo certo

O que tu quiser eu quero

Foram tantas “aventuras”

Que não cabem no cordel

No carro, na rua, nas escadas

Na praia, na beira da estrada

E inclusive no motel

Achando que ia pro inferno

Lá estava eu no céu

Entrei nesse mundo de cabeça

Mas foi logo com a de baixo

Mas ela foi me ensinando

Para não nadar no raso

E olha só para mim

O que eu agora faço

Nesse meio liberal

Muitos acham que é só putaria

Tem-se muito o que aprender

E eu aprendo todo dia

Desde que abri meus olhos

Já não vejo esse mundo

Como antes eu o via

Muito veem nos casais

Que esse relacionamento têm

Um motivo pra trair

Pra poder ter outro alguém

Eu vejo cumplicidade, liberdade,

Compromisso e verdade

Que outros casais não têm

Eu achava que amor

Era algo encantado

Dos que tiram nosso fôlego

E nos deixa arriado

Descobri que nos liberta

Que renova nossas forças

E caminha ao nosso lado.


FIM

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